24 de out. de 2009

FOME


Ardo caminho que me segues alma,
Ao falar-te da fome companheira minha,
Não me destes migalhas pois também não tinhas,
Só me destes lágrimas aonde pede calma.

Dei-me resto alma, fome louca,
Tão cruel fome que me seca corpo,
Dei-me o sonho, num sonhar já morto,
Dei-me o farelo que cai da tua boca.

Andas comigo alma caminhante,
Espera certo como é certo o instante,
Comer da boca de outra já comida,

Quase morto sinto alma minha,
Dentre meu corpo, ossos, carne fria,
Me carregue alma, meu alimento vida.

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